O dia amanhecia solarengo, mas fresco e pelas 9 horas já os 20 merendeiros estavam prontos a arrancar da sede do MCP rumo a Gouveia, destino desta Rusga dos Merendeiros onde uma tarde de atividades esperava os participantes.
Com uma breve incursão em autoestrada até Santa Maria da Feira, foi aí que começamos a sério a primeira etapa do dia até São Pedro do Sul, usando a Serra da Freita para renovar a alma através das suas paisagens sempre deslumbrantes e da companhia animal, como foi o caso do rebanho que se cruzou com os merendeiros obrigando-nos a ziguezaguear por entre suas excelências.
Com os pneus bem redondinhos, foi em São Pedro do Sul, junto às termas, que se tomou o habitual café e recarregou energias para o restante trajeto. Faltavam 90 km até ao Parque de Campismo Curral do Negro, onde iriamos almoçar e iniciar as atividades.
Para variar, entramos na Serra da Estrela por Fornos de Algodres, cruzando a pitoresca aldeia de Folgosinho, já próxima do parque de campismo. Ali chegados, rapidamente foi montado o cenário gastronómico, onde nem máquina de café portátil faltou. Mais um belo banquete proporcionado pelos participantes, condimentado pelo excelente convívio.
Após o café do almoço servido pelo Sr. Leonel, responsável pelo parque de campismo, demos início às atividades sob a orientação do Dr. Ricardo Brandão, médico-veterinário e coordenador do CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, que consciencializou os participantes para importância da preservação da vida selvagem, através da missão do CERVAS de recuperar e devolver à Natureza animais feridos ou debilitados. E foi através desta última que os merendeiros intervieram, libertando uma águia calçada, após mês e meio de reabilitação. O contributo foi, além da ação, monetário, pois o MCP apadrinhou esta águia macho, batizando-a “Merendeiro” e contribuindo com 10€ por participante de doação ao CERVAS. De realçar a importância de saber agir caso se encontre um animal ferido no meio urbano: o protocolo passa por chamar as autoridades ao local, ou caso seja possível, ser o próprio a transportar até um centro de reabilitação, que no caso da área metropolitana do Porto será o Parque Biológico de Gaia.
Mas as atividades não ficavam por aqui e ainda havia que meter as mãos na terra. Foi discutida a problemática das espécies invasoras e do impacto negativo que têm no equilíbrio dos ecossistemas. Mais uma vez passando à ação, os merendeiros do MCP mostraram a sua proatividade através da subtração da planta sanguinária-do-japão que invadia o leito do riacho que corria na zona. Uma ação simbólica, mas que certamente modificou a visão individual sobre o tema e acima de tudo despertou atenção para o mesmo.
A tarde terminou já nas instalações do CERVAS, onde para além de um pequeno trajeto off-road para lá chegar, foi possível conhecermos de perto o local onde estes animais são tratados e observar alguns já em fase final de reabilitação como foi o caso de um grupo de corujas da torre. São cerca de 700 os animais tratados por ano no CERVAS.
Assim terminava mais uma Rusga dos Merendeiros onde o Moto Clube do Porto mostra a sua vertente de responsabilidade social, sempre aliada ao que mais gostamos de fazer – andar de moto!